“Senhor presidente, mas vai ler o voto? Ele [Paulo Sérgio] está pedindo vista”, começou o ministro antes de deixar o plenário da Primeira Turma do STJ, ao argumentar que os colegas haviam lido seu relatório por estar protocolado no sistema da Corte. Segundo ele, se a ministra lesse o texto, os colegas “iam esquecer” quando voltasse para a discussão.
“Ministra Regina, a gente vai esquecer o que a senhora vai falar”, disse Gurgel. A magistrada respondeu que leria seu texto para o público. “Mas que público, ministra Regina?”, protestou o ministro. Regina é a única mulher da Primeira Turma e os demais colegas permaneceram em silêncio durante o atrito dos dois ministros.
Diante da postura da ministra de que iria continuar a leitura do seu voto, Gurgel pediu licença ao presidente da Primeira Turma e abandonou a sessão do plenário.
O Metrópoles procurou o STJ via assessoria de imprensa para que ambos os ministros possam, caso queiram, se manifestar sobre o episódio. Até o momento da publicação desta reportagem, não houve retorno. O espaço segue aberto.
Atualmente, das 33 cadeiras do tribunal, só cinco são ocupadas por mulheres. Há nesse momento duas vagas a serem preenchidas no STJ. A ministra Daniela Rodrigues Teixeira foi a última mulher indicada a uma vaga na Corte pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela assumiu o posto em novembro de 2023.
Por Gabriel Buss
Fonte: metropoles.com