A confusão teve início após Ruth solicitar a transcrição do prontuário da paciente. Segundo ela, o documento escrito pelo médico está “ilegível” e “há partes impossíveis de serem compreendidas”.
A juíza, por sua vez, diz que a “história da transcrição não vai dar certo”. Em seguida, pergunta a um advogado do hospital processado se a solicitação seria possível e pede que uma nova cópia do mesmo documento fosse juntada ao processo.
Ruth, então, pontua que não está pedindo uma cópia do prontuário, mas uma transcrição legível do conteúdo manuscrito. “Esse é um direito que assiste ao paciente”.
A juíza, contudo, diz que concederia 5 dias para que a advogada fizesse o pedido por escrito. A defensora explica que prefere fazer a solicitação oralmente, pois o prazo prolongaria ainda mais o processo. Nesse momento, o bate boca tem início.
“Eu estou abismada como a transcrição de um prontuário, uma coisa simples que eu peço em todos os processos está causando esse bafafá todo, gente”, disse a advogada.
Em meio à fala da defensora, a juíza responde: “A senhora que está causando bafafá desde que começou a audiência. A senhora não está se comportando adequadamente”.
Levantando a voz, a magistrada continua: “Eu vou te dar o prazo de 5 dias para a senhora formular o requerimento no PJE”.
Diante da situação, uma outra advogada pergunta a magistrada o motivo de ela ter gritado. A juíza, então, diminui o tom de voz e pergunta a Ruth se ela compreendeu. A defensora responde que sim e diz que Ana Maria não precisa gritar com ela. Mas a juíza insiste: “A senhora tem que saber se comportar em uma audiência, doutora”.
A outra advogada que acompanha a audiência, por sua vez, diz que, como uma juíza, Ana Maria também deve saber se comportar em uma audiência. A intervenção, contudo, não surge efeito. A magistrada continua dizendo que Ruth precisa aprender a se comportar e que ela “tumultua” a audiência.
“Gostaria que os advogados não tumultuassem. Vou fazer constar na Ata que estou concedendo um prazo de 5 dias para que a doutora Ruth formule o pedido de diligência. Encerrada audiência”, determinou a juíza, levantando-se em seguida.
Sem perceber que a câmera e o microfone permaneciam ligados, a magistrada diz que estava “perdendo o tempo” dela. Nesse meio tempo, um barulho de batida pode ser escutado, seguido de outra fala da juíza: “Podia estar fazendo tanta coisa”. Segundos depois, a transmissão é finalizada.
Procurada, a advogada brasiliense disse que a magistrada “agiu com falta de decoro e desrespeito”.
O Metrópoles tentou contatar o Tribunal de Justiça do Maranhão, mas não obteve retorno até a última atualização do texto. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
Por Jéssica Ribeiro
Fonte: metropoles.com