Moraes intima Marçal a prestar depoimento por uso do X durante a proibição

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Via @portalg1 | O ministro Alexandre de Moares, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou Pablo Marçal, candidato à prefeitura de São Paulo, a prestar depoimento em até 24 horas por uso do X durante a proibição.

Segundo a decisão, que foi compartilhada com a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, há indícios de abuso de poder econômico e de uso indevido dos meios de comunicação.

Desde o bloqueio do X, a Polícia Federal vinha monitorando o uso extremado da ferramenta. Isso porque Moraes estabeleceu multa para quem utilizasse a plataforma durante a suspensão.

Neste sábado (5), a PF informou ao STF que foi identificado uso da conta @pablomarcal para fazer diversas postagens – dentre elas, a que mostra laudo falso contra Guilherme Boulos (PSOL).

"A conduta de PABLO HENRIQUE COSTA MARÇAL, em tese, caracteriza abuso do poder econômico e no uso indevido dos meios de comunicação, sendo grave a afronta à legitimidade e normalidade do pleito eleitoral, podendo acarretar a cassação do registro ou do diploma e inelegibilidade", escreveu Moraes.

Pablo Marçal comenta em coletiva sobre divulgação de documento falso — Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo a decisão, a Polícia Federal “identificou intensa atividade nos últimos dias a partir do dia 2 de outubro de 2024. Na madrugada e na manhã deste dia, 5 de outubro de 2024, foram postados diversos vídeos de uma corrida em campanha eleitoral”.

"Ressalta-se que o uso sistemático deste perfil na data de hoje, bem como nos dias anteriores, se amolda à hipótese de monitoramento de casos extremados, em que usuários utilizam subterfúgios para acessar e publicar na plataforma X, de forma sistemática e indevida, com a finalidade de propagar desinformação em relação as eleições de 2024, com discurso de ódio e antidemocráticos, conforme manifestação da Procuradoria-Geral da República", diz um trecho da decisão.

Caso do laudo

Em outra frente, a Polícia Federal abriu inquérito e já cumpre diligências neste sábado (5) para apurar o caso do laudo com indícios de falsidade divulgado pelo candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) para acusar um de seus adversários na disputa, Guilherme Boulos (PSOL), de uso de drogas.

A Justiça Eleitoral reconheceu indícios de falsidade no material usado para acusar Boulos e determinou a remoção do conteúdo das plataformas Instagram, TikTok e Youtube. Marçal divulgou um suposto laudo que atestaria que Boulos teria consumido cocaína.

O documento foi divulgado em vídeos nas redes sociais. As publicações foram feitas por Marçal na noite desta sexta-feira (4). Ao longo da campanha eleitoral, o candidato do PRTB fez insinuações contra Boulos sobre uso de drogas. Na última quinta-feira (3), durante o debate da TV Globo, Boulos apresentou um exame toxicológico para comprovar não ter consumido nenhuma substância.

O laudo tem a assinatura do médico José Roberto de Souza e emitido pela clínica Mais Consulta. Mas ele morreu em 2022. A filha Aline Garcia Souza tem a assinatura verdadeira do pai tatuada nas costas e é diferente da que aparece no documento. Veja na foto abaixo.

Tatuagem mostra assinatura do pai de Aline Garcia, o médico José Roberto de Souza — Foto: TV Globo/Reprodução

Aline Souza também relatou que o pai trabalhava apenas na região de Campinas e nunca atuou na clínica Mais Consultas, era hematologista e não emitiria um laudo psiquiátrico.

Segundo ela, na data que aparece no documento publicado por Marçal, José Roberto Souza estava debilitado e não atendia mais pacientes.

"Ele lutou uns três anos contra essa doença e ele tinha que ficar fazendo transfusão sanguínea. Vivia internado e no último ano [2022] estava muito debilitado, cansado. Ele estava com 82 anos e a doença prejudicou muito o meu pai. Em 2021, ele não estava atuando. Ele fazia tratamento em São Paulo ocasionalmente. Atender clinicamente em São Paulo nunca fez. Só Campinas e região", afirmou Aline Souza.

"Eu era muito ligada ao meu pai. Sempre gostei muito da assinatura e quis registrar essa assinatura em uma tatuagem na região da costela. Fiz ano passado, um ano após a morte. A assinatura [no documento de Marçal] é completamente diferente da dele."

Outros dados apontam a falsificação do documento:

• O registro de Jose Roberto Souza aparece como inativo no Conselho Federal de Medicina;

• O número de RG de Boulos aparece com um dígito a mais;

• O nome da clínica está faltando uma letra "Mais Consulta", em vez de "Mais Consultas"

• O documento possui erros de ortografia. Exemplo: "por minha atendido".

• O número de componentes que comprovariam o uso da substância é a mesma quantidade que aparece em um documento publicado em uma reportagem do g1 de 2019, sobre erros em resultados de exames toxicológicos no Rio Grande do Sul.

Por Daniela Lima
Fonte: g1

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