A advogada agredida é Aline Borges da Silva. Nesta segunda-feira (11), ela afirmou que estava em deslocamento para fazer um exame de corpo e delito e encaminhou imagens para a reportagem, onde mostra hematomas e cortes no rosto, braços e mãos. Procurada pelo g1, a PM disse que apura a conduta dos militares (veja nota abaixo).
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina (OAB-SC) afirmou que, além de ser agredida, Aline teve as prerrogativas profissionais violadas (veja nota abaixo). O g1 buscou o Ministério Público de SC e do RS e aguarda retornos.
Procurada, a Polícia Civil disse que foi lavrado um termo circunstanciado por resistência e desacato contra os policiais. O caso foi remetido à delegacia de Içara.
Ocorrência
Advogada do RS sofreu lesões ao acompanhar ocorrência da PM em SC — Foto: Aline Borges/Arquivo Pessoal |
A Polícia Militar relatou que os policias foram chamados após um desentendimento entre uma funcionária do mercado e um cliente que teria injuriado a trabalhadora. A ocorrência foi registrada como injúria ou comunicação falsa de crime. O relatório detalhado do que ocorreu não foi divulgado.
Presidente da OAB de Criciúma, também no Sul catarinense, Alisson Matos explicou que a advogada estava com a mãe e o namorado no mercado quando passou a observar a ocorrência policial e se aproximou, o que desencadeou as violações.
A subseção da OAB na região condenou a ação e disse que acompanha o caso para dar a devida investigação dos fatos.
Em vídeo que o g1 teve acesso, uma das mulheres aparece caída no chão, gritando, enquanto está imobilizada por dois policiais militares. A outra discute com o outro agente, pedindo para que a filha seja solta. Outro PM chega e a confusão segue.
A mulher caída no chão é jogada na viatura e, antes do porta-malas se fechar, um dos agentes chuta a mulher e empurra a mãe dela. Por fim, o mesmo agente dá um tapa no rosto da mulher que estava fora do veículo. O g1 não teve acesso à íntegra do vídeo.
A Polícia Civil foi procurada e não havia dado retorno até a última atualização desta reportagem. A reportagem também fez contato com a rede de mercados onde o caso aconteceu nesta segunda-feira. Em resposta, o local disse que iria verificar a situação.
Advogada e servidora do MP são agredidas por PMs estacionamento de mercado de SC — Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação |
OAB pede que policiais sejam afastados
Em nota, a OAB-SC afirmou que pediu ao Comandante do Batalhão da Polícia Militar, Aurélio Pelozato, o afastamento dos policias envolvidos na ocorrência "para que a responsabilidade seja devidamente apurada e os envolvidos responsabilizados, além da apuração completa de todos os fatos".
A PM não respondeu sobre o afastamento, mas afirmou que os envolvidos na ocorrência estão sendo investigados por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM).
O que disse a OAB de Santa Catarina
A OAB Santa Catarina e a Subseção de Criciúma, por meio da Comissão Estadual de Prerrogativas e Defesa de Honorários manifesta solidariedade e apoio à advogada gaúcha Aline Borges da Silva, que teve suas prerrogativas violadas e foi agredida, na noite de ontem, sábado (9), em Içara, no exercício de sua profissão.
A presidente da Seccional, Cláudia Prudêncio, entrou em contato com o Comandante do Batalhão da Polícia Militar, Aurélio Pelozato, e solicitou o afastamento dos policiais militares envolvidos, para que a responsabilidade seja devidamente apurada e os envolvidos responsabilizados, além da apuração completa de todos os fatos. Desde o conhecimento do ocorrido, a OAB/SC e a OAB Criciúma tem prestado todo o suporte necessário à profissional, providenciando assistência jurídica e institucional.
O que disse a PM
1. Na noite deste sábado, 9, guarnições da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) do 29° Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Içara, foram acionadas para atendimento a uma ocorrência de injúria ou comunicação falsa de crime em um estacionamento de um supermercado, onde a princípio uma funcionária de um supermercado e um cliente haviam se desentendido. Este estaria supostamente injuriando a trabalhadora.
2. As atitudes dos policiais estão sendo investigadas ao deterem duas mulheres que se envolveram durante o atendimento da primeira ocorrência. Elas acabaram sendo conduzidas à Delegacia de Polícia Civil, juntamente com as outras partes da primeira ocorrência.
3. Um Inquérito Policial Militar foi instaurado pelo Comando do 29º BPM para apuração dos fatos.
Por Caroline Borges, Clarìssa Batìstela, g1 SC
Fonte: g1