Ao condenar a mulher, que admitiu crueldade infantil, o juiz Steven Everett, disse: “Para mim, o que você fez desafia totalmente a crença. Você privou aquela garotinha de qualquer amor, qualquer afeição, qualquer atenção adequada, qualquer interação com os outros, uma dieta adequada, atenção médica muito necessária.” Ele acrescentou: “Você tentou controlar essa situação tão cuidadosamente quanto pôde, mas, por puro acaso, seu terrível segredo foi descoberto. As consequências para (a criança) foram nada menos que catastróficas – física, psicológica e socialmente.”
Ele disse que a criança era uma "menininha inteligente que, agora, talvez esteja lentamente voltando à vida do que era quase uma morte viva naquele quarto". O tribunal ouviu que a mulher não procurou assistência médica para a fenda palatina da criança e não lhe deu comida e água adequadas, alimentando-a com leite e cereais por meio de uma seringa.
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Sion ap Mihangel, promotor, disse: “Ela foi mantida em uma gaveta no quarto, não foi levada para fora, não foi socializada, não teve interação com mais ninguém.” Ele disse ao tribunal que a criança tinha uma idade de desenvolvimento de zero a 10 meses quando foi levada ao hospital pela primeira vez e estava significativamente desnutrida e desidratada.
A criança ainda era deixada sozinha enquanto sua mãe levava os outros filhos para a escola e ia trabalhar. Quando o namorado da mãe começou a ficar na propriedade durante a noite, a criança foi transferida para outro quarto e deixada lá sozinha, o tribunal foi informado. A pequena foi descoberta quando seu parceiro retornou à casa uma manhã para usar o banheiro e a mulher havia saído. Ele ouviu um barulho e entrou em um dos quartos, onde viu a criança.
O homem saiu de casa, mas alertou os familiares e, mais tarde naquele dia, os serviços sociais compareceram e encontraram a criança na gaveta da cama. Em um depoimento, a assistente social disse que viu a criança sentada na gaveta e perguntou à mãe se era lá que ela mantinha a filha. “Ela respondeu com naturalidade ‘sim, na gaveta’”, disse a assistente social. “Fiquei chocada que a mãe não demonstrou nenhuma emoção sobre a situação. Eu, provavelmente, era o único outro rosto (que a criança) tinha visto além do da mãe”, completou a profissional, chocada.
Uma declaração da atual cuidadora adotiva da criança foi lida para o tribunal. Ela disse: "Ficou muito claro que ela não sabia o próprio nome quando a chamamos." Em uma entrevista, a mãe disse à polícia que não sabia que estava grávida e estava “muito assustada” quando deu à luz. Ela disse que o bebê não ficava na gaveta debaixo da cama o tempo todo e que a gaveta nunca era fechada, mas disse aos policiais que a criança “não fazia parte da família”.
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Ela disse aos assistentes sociais que tinha um relacionamento abusivo com o pai da criança e não queria que ele descobrisse sobre ela. Matthew Dunford disse que houve um “conjunto excepcional de circunstâncias”, incluindo a saúde mental da mulher e um relacionamento volátil com o pai da criança.
A promotora sênior da coroa Rachel Worthington, do CPS Mersey-Cheshire, disse: “Essa criança nunca ganhou um presente de aniversário, um presente de Natal ou qualquer coisa que a reconheça atualmente. Ela não teve nenhuma interação com nenhum de seus irmãos. Ela não conhecia a luz do dia ou o ar fresco e não respondeu ao seu próprio nome quando foi encontrada pela primeira vez.”
Ela acrescentou: “O motivo por trás do comportamento da mãe ainda não está claro, mas esse não é o papel do Crown Prosecution Service (CPS). Nosso trabalho é levar a pessoa responsável à justiça. Isso já foi feito e é a profunda esperança do CPS que a vítima neste caso se recupere o suficiente para viver uma vida tão plena quanto possível.”
A mulher se declarou culpada em outubro de quatro acusações de crueldade infantil, refletindo sua falha em buscar cuidados médicos básicos para a criança, abandono, desnutrição e negligência geral.
Fonte: revistacrescer.globo.com