A pena será cumprida inicialmente em regime fechado. A defesa do condenado disse que irá recorrer da sentença.
O julgamento aconteceu no Tribunal do Júri de Curitiba dois anos e meio após a morte de Arruda, que foi baleado em 9 de julho de 2022 por Guaranho enquanto comemorava os 50 anos de idade com uma festa temática do presidente Lula e do PT.
A defesa de Guaranho reforçou nesta quinta (13), antes da leitura da sentença, que ele agiu em legítima defesa e que o crime não teve motivação política. Na quarta-feira (12), o agora condenado afirmou no júri que não foi à festa da vítima "nem para brigar, nem para matar".
O júri popular foi presidido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, magistrada da Vara Privativa do Tribunal do Júri do Foro Central de Curitiba.
Na decisão, que foi lida por volta das 14h, a juíza ressaltou que ele utilizou arma da União para cometer o crime. Ela destacou também a intolerância política que Guaranho demonstrou com as ações.
Stadler também citou a promulgação da lei estadual contra intolerância política que institui o dia 9 de julho - data do crime - como o Dia Estadual de Luta contra a Intolerância Política e de Promoção da Tolerância Democrática.
Ela afirma que antes do crime não havia necessidade de se alertar quanto a isso e considera que o caso marca a necessidade.
A juíza determinou ainda a prisão imediata de Guaranho, que cumpria prisão domiciliar desde setembro de 2024. Ele saiu do tribunal sem algemas. De acordo com o Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen), o condenado foi levado ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Quem foi ouvido no júri?
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O petista Marcelo Arruda (esq.) foi morto por Jorge Guaranho (dir.), apoiador de Bolsonaro — Foto: Reprodução |
No decorrer do júri foram ouvidas nove pessoas, entre testemunhas, informantes e peritos. Por último, o réu foi interrogado. Ele deu a versão dele dos fatos publicamente pela primeira vez.
A captação de imagens não foi liberada no julgamento. O réu foi fotografado ao lado de fora do tribunal, pouco antes do início do terceiro dia de júri nesta quinta (13).
Foram ouvidos no julgamento:
• Jorge Guaranho, réu pelo crime.
• Alexandre José dos Santos, amigo de Marcelo Arruda, servidor público e que também estava na festa;
• Simone Cristina Malysz, perita que participou da elaboração de laudos do caso;
• Márcio Jacob Muller Murback, amigo de Guaranho que tinha acesso às imagens das câmeras de segurança da associação onde ocorria a festa de Arruda por fazer parte da direção onde ocorria a festa;
• Marcelo Adriano Ferreira, policial penal do Presídio de Catanduvas que trabalhava com o agora ex-policial penal Jorge Guaranho;
• Edemir Alexandre Riquelme Gonsalves, tio de Pâmela, companheira de Marcelo Arruda e que comprou decoração da festa;
• Wolfgang Vaz Neitzel, amigo de Marcelo Arruda que participou da festa e viu discussão que terminou com o assassinato;
• Denise de Oliveira Carneiro Berejuk, perita responsável por laudos de imagem;
• Daniele Lima dos Santos, vigilante que estava no local do crime;
• Pâmela Suellen Silva, viúva de Marcelo Arruda, que detalhou o dia do assassinato e deu declarações sobre a dificuldade de criar o filho mais novo após a morte do pai. Na época, o bebê tinha 40 dias de vida;
Relembre o crime
O crime aconteceu em 9 de julho de 2022.
Conforme as investigações, Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda e os dois discutiram. Cerca de 10 minutos depois, o policial penal voltou ao local, armado, e disparou contra Arruda, que revidou usando a arma que carregava por ser guarda municipal.
Arruda foi socorrido, mas morreu na madrugada de 10 de julho de 2022. Ele deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles tinha pouco mais de 40 dias.
Após o crime, Guaranho foi agredido por convidados presentes na festa de Marcelo. Ele foi internado e permaneceu em hospital de Foz do Iguaçu até ter alta e ser encaminhado ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde ficou preso até setembro 2024.
Ele cumpria prisão domiciliar até a condenação desta quinta-feira (13).
Por Gilvana Giombelli, Mariah Colombo, Fernando Castro, g1 PR — Curitiba
Fonte: g1