Demétrius havia sido absolvido por ser declarado inimputável, ou seja, uma pessoa que não pode ser responsabilizada pelos próprios atos devido a alguma condição. Ele segue internado em hospital de custódia.
Em julho de 2022, Demétrius agrediu a chefe Gabriela Samadello Monteiro de Barros com socos e chutes no local de trabalho. Após o caso, ele foi detido e internado em um hospital psiquiátrico devido a um comportamento narcisista e combativo. Posteriormente, foi submetido a julgamento
Diagnosticado com esquizofrenia paranoide, Demétrius foi absolvido em 2023 por ser considerado inimputável. Ele poderá ser liberado após cumprir o período de tratamento e mediante acesso aos laudos médicos atestando a recuperação.
O g1 teve acesso a uma certidão do Foro de Registro, que foi incluída nos autos e encaminhou o processo para arquivamento em 26 de fevereiro. Sendo assim, a ação criminal contra Demétrius não terá mais movimentação.
O advogado Marco Antônio Modesto, defensor de Demétrius, afirmou que o processo criminal chegou ao fim com a sentença que o absolveu. Segundo ele, a ação passa a ser acompanhada pela Vara de Execução.
Ainda de acordo com o advogado, trata-se de um procedimento normal. Ele explicou que Demétrius cumpre a medida de segurança e realiza o tratamento médico no hospital de custódia, conforme determinado na sentença.
"Como a fase de conhecimento acabou, o processo transitou em julgado e ele é encaminhado para o arquivo", completou o advogado.
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Gabriela Samadello Monteiro de Barros, procuradora-geral de Registro (SP), foi agredida por colega no ambiente de trabalho — Foto: Reprodução/TV Tribuna |
Ao g1, o advogado da procuradora-geral Gabriela Samadello, Alberto Zacharias Toron, disse que "o agressor havia sido dado como inimputável, ou seja, incapaz de responsabilidade penal em virtude de doença mental.
"Assim, foi absolvido e teve imposta a medida de segurança consistente em internação. Passado o tempo, o normal é a desinternação e o arquivamento do caso", afirmou Toron.
Arquivamento
O advogado Rodrigo Gago Barbosa, que não tem envolvimento com o caso, explicou que o arquivamento do processo significa, dentro da esfera penal, que ele não pode ser responsabilizado pelo crime. No entanto, na esfera cível, é passível de ser condenado a indenização.
"Pessoas consideradas inimputáveis como menores de 18 anos, pessoas com algum transtorno , alguma patologia, que lhes retira o discernimento não podem ser condenadas", complementou.
O arquivamento, de acordo com Barbosa, se dá pelo fato de, provavelmente, não ter havido recurso tendo em vista que pessoas que não "compreendem a realidade" não podem ser punidas por um comportamento reprovável.
Demétrius tem demonstrado melhora no comportamento desde que foi transferido para um hospital de custódia em Taubaté (SP), onde cumpre a medida judicial de tratamento. No local, ele recebe atendimento médico multidisciplinar com médico psiquiatra, psicólogos e demais especialistas.
Hospital de custódia
Desde a sentença, em junho de 2023, Demétrius esteve na ala ambulatorial da Penitenciária III de Franco da Rocha, mas em março de 2024 foi transferido para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) de Taubaté. O local é destinado às pessoas com transtorno mental ou deficiência psicossocial que cometeram delitos.
Segundo Modesto, o procurador apresenta boa evolução do quadro psiquiátrico com uso da medicação. "A sentença determinou o prazo de 3 anos de tratamento. [...] Demétrius vem aderindo bem ao tratamento médico desde que foi disponibilizado". O tempo começou a contar na data em que foi publicada a sentença.
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP-SP) confirmou que Demétrius foi transferido em 6 de fevereiro ao hospital psiquiátrico para cumprir medida de segurança, mas que o período em que permanecerá custodiado está a cargo da Justiça.
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Procuradora foi agredida por diversas vezes no rosto por colega de prefeitura — Foto: Arquivo pessoal |
Entenda o caso
A procuradora-geral do município de Registro foi agredida pelo colega dentro da prefeitura, onde os dois trabalhavam. Gabriela Samadello Monteiro de Barro ficou com o rosto ensanguentado após levar socos e pontapés.
A ação foi filmada por outra funcionária do setor. As imagens mostram o também procurador Demétrius Oliveira Macedo espancando a vítima. Ele foi preso dias depois, na manhã de 23 de junho, em São Paulo. A Justiça havia determinado a detenção dele no dia anterior.
Durante o ato criminoso, ele xinga a vítima diversas vezes e, inclusive, empurra demais profissionais que tentam impedir os golpes (veja abaixo).
A decisão de absolvição de Demétrius foi da 1ª Vara da Comarca de Registro. No documento, obtido pelo g1, há o apontamento que ele recebeu o diagnóstico de cinco médicos diferentes. Segundo a Justiça, ele está em um hospital de custódia e deve permanecer internado por, no mínimo, três anos.
"Na presente condição, o acusado no processo penal, por mais que reconhecido tenha praticado fato típico e antijurídico, não pode ser responsabilizado penalmente, porque seu comportamento não pode ser tomado como crime, porque o agente não é culpável", afirmou o juiz na decisão.
Por Brenda Bento, g1 Santos
Fonte: g1