Advogada denuncia homem por tentar filmá-la durante ato s3xu4l

advogada denuncia homem tentar filma la durante ato sexual
Via @otempo | Uma história que ganhou repercussão em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta semana foi a de um suspeito de cometer crimes sexuais e divulgar vídeos íntimos de mulheres sem o consentimento delas. Nessa quarta-feira (2 de abril), dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos dentro da Operação Privacidade Protegida, desencadeada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) após o recebimento de duas denúncias feitas à Promotoria do município.

Foram apreendidos em um imóvel do investigado celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos, além de oito armas, incluindo pistolas, revólveres, uma carabina e mais de 70 munições intactas. O material passará por perícia técnica especializada para que sejam identificadas eventuais provas e possíveis novas vítimas. O homem, de 27 anos, foi conduzido em flagrante à delegacia para prestar esclarecimentos e passa a ser investigado também por posse ilegal de arma, conforme informado pelo MPMG. Ele ainda é acusado pelas denunciantes de dopar as vítimas para forçar atos sexuais.

Uma das mulheres que denunciaram – e que vem liderando um movimento nas redes sociais para incentivar outras a fazerem o mesmo – é a advogada Kamilla Mello, de 29 anos. Segundo ela, a história começou após um encontro com o investigado, ex-colega do curso de direito, no fim de 2023. “Ele queria que a gente tivesse relação em um cômodo específico do sítio dele, e isso me causou estranhamento porque eu já tinha ouvido relatos esquisitos sobre ele ter feito imagens de outras mulheres, que pediram para ele apagar, mas receberam respostas agressivas. Eu me lembrei disso na hora e falei que não queria ir para aquele cômodo. Acabou não acontecendo nada nesse dia”, relata. 

A advogada afirma que, na época, não pensou em denunciar. “Eu deixei isso meio abafado e quis apagar da minha mente, até que, em outra ocasião, percebi que ele estava falando de mim para outras pessoas e levei isso para a Internet. Quando comecei a dar publicidade a essa história, ouvi relatos muito tristes de tentativa de estupro e de estupro, de ameaças, de mulheres que foram coagidas a desistir da denúncia para ele não divulgar imagens delas. Tudo isso foi me causando muita revolta porque é uma pessoa que comete esses crimes de forma habitual, e ninguém faz nada”, emenda Kamilla.

Exposição do caso

A história contada pela advogada vem ganhando repercussão, e, de acordo com a denunciante, ao menos 40 mulheres já entraram em contato com ela para compartilhar relatos muito parecidos, de episódios ocorridos sempre no mesmo local. Em uma das mensagens enviadas a Kamilla, uma suposta vítima afirma que nunca teve coragem de contar o que aconteceu para ninguém porque se sente “suja” até hoje. Ela fala que o homem a machucou e puxou a calcinha dela, que acabou rasgando. 

Em outro relato, uma mulher que se identifica como vítima lembra que o suposto criminoso ficava pedindo fotos dela o tempo todo e que ele teria forçado o sexo com ela. Uma terceira pessoa fala do temor de ter vídeos dela expostos e demonstra desespero por não saber o que fazer diante da situação.

Em entrevista exclusiva ao O Tempo Betim, Kamilla falou pela primeira vez o nome do homem que ela acusa de ter tentado filmá-la sem autorização: “É o João Vitor Mendonça”. Emocionada, ela detalhou o que vem enfrentando desde que resolveu expor os crimes que teriam sido cometidos por ele. “É muito difícil. São muitos julgamentos. Talvez as pessoas pensem que eu sou corajosa porque me exponho, mas é que o meu sentimento de revolta é maior do que a minha vergonha. Por isso, eu quero ir até o fim”, desabafa.

Suspeito alega inocência: 'denúncias infundadas'

Procurado pela reportagem de O Tempo Betim, João Vitor Mendonça afirmou, por meio de mensagem, que as denúncias feitas contra ele são “infundadas e descabidas” e que talvez tenham sido motivadas pelo “desejo de se promover, ganhar mídia ou até mesmo clientes, no caso da advogada”. “Estou à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e tenho plena confiança que a verdade prevalecerá. Eu também já estou tomando todas as medidas cabíveis. Repudio as acusações feitas contra mim. Nunca pratiquei qualquer ato ilícito ou criminoso”, frisou no texto.

Mendonça também confirmou que foi alvo de mandados de busca e apreensão na operação do MPMG e ressaltou que facilitou o trabalho dos agentes envolvidos. “Inclusive, disponibilizei senha do meu aparelho para os responsáveis. Sobre as armas, eram todas do meu avô, delegado aposentado, que tem Alzheimer”, disse.

Posicionamento da polícia

A Polícia Civil também foi acionada pela reportagem de O Tempo Betim, mas, até o fechamento desta edição, não tinha enviado uma resposta aos questionamentos feitos sobre o caso: se foi registrada denúncia na corporação e se há uma investigação em curso.

Defesa do suspeito

Nesta sexta-feira (4 de abril), os advogados de defesa do suspeito enviaram uma nota de esclarecimento sobre o caso. Leia o posicionamento na íntegra: 

Diante de recentes manifestações e questionamentos públicos, cumpre esclarecer que o processo em referência tramita sob segredo de justiça, nos termos do artigo 20 do Código de Processo Penal, bem como dos incisos X e LX do artigo 5º da Constituição Federal, que garantem a proteção à intimidade e autorizam a restrição da publicidade dos atos processuais sempre que necessária à preservação dos direitos fundamentais ou à eficácia das investigações.

Por força dessas disposições legais e constitucionais, está vedada a divulgação de detalhes dos autos ou qualquer comentário específico sobre seu conteúdo.

É fundamental destacar que qualquer tentativa de antecipação de culpa é precipitada e contraria frontalmente o ordenamento jurídico brasileiro. Nos termos do artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Trata-se de um preceito basilar do Estado Democrático de Direito, que assegura a todos os cidadãos o direito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa.

Reafirmamos nossa confiança na Justiça e no correto andamento do processo, certos de que os fatos serão devidamente apurados e julgados com imparcialidade.

Por Iêva Tatiana
Fonte: otempo.com.br

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