Gilvan deu a primeira declaração durante sessão na Comissão de Segurança Pública da Câmara – onde era relator, justamente, de um projeto que prevê desarmar a segurança pessoal do presidente (veja abaixo).
Após a repercussão ruim da fala, Gilvan pediu a palavra em plenário para se retratar. Disse que "exagerou" e que estava "reconhecendo o seu erro".
“Aprendi com meu pai que um homem deve reconhecer os seus erros. Ontem [terça-feira (8)], na Comissão de Segurança Pública, estávamos debatendo um projeto para desarmar os seguranças do descondenado Lula, e eu disse que, se ele tivesse um infarto ou uma taquicardia e morresse, eu não ia ficar triste”.
“Um cristão não deve desejar a morte de ninguém. Então, eu não desejo a morte de qualquer pessoa. Continuo entendendo que Luiz Inácio Lula da Silva deveria estar preso e pagar por seus crimes e por tudo o que fez de mal ao nosso país. Mas reconheço que exagerei na minha fala”, concluiu Gilvan.
A fala do dia anterior
Na terça (8), Gilvan falou em um sessão da Comissão de Segurança da Câmara que desejava a morte de Lula e que isso era um "direito" dele.
Ele argumentava a favor de um projeto, sob sua relatoria, que prevê tirar as armas da segurança presidencial. O texto foi aprovado na comissão, que tem maioria bolsonarista, mas ainda tem que passar pelo plenário da Câmara.
“Eu quero mais que o Lula morra, quero que ele vá para o quinto dos infernos, é um direito meu. Não vou dizer que eu vou matar cara, mas eu quero que ele morra, que vá para o quinto dos infernos. Nem o diabo quer o Lula, por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer. Tomara que ele tenha uma taquicardia, porque nem o diabo quer a desgraça desse presidente que está afundando o país. Quero mais que ele morra mesmo", afirmou Gilvan.
![]() |
O deputado Gilvan da Federal durante sessão da Comissão de Segurança da Câmara — Foto: Reprodução |
Governo e oposição repudiam fala
Após a fala do deputado, a Advocacia-Geral da União (AGU) enviou à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da União (PGR) uma notícia de fato, na qual pede adoção de medidas em relação ao ataque do deputado, inclusive investigação criminal.
Na noite desta quarta, senadores do partido de Gilvan criticaram a fala do deputado.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que o pai já foi alvo de falas com o mesmo teor e chamou atitudes como essa de "reprováveis".
Além disso, afirmou que essa "não é uma postura que se espera de um parlamentar que tá ali pra discutir as coisas sérias do Brasil", afirmou Flávio.
Os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Jorge Kajuru (PSB-GO) e Carlos Portinho (PL-RJ) também repudiaram a fala de Gilvan da Federal.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também comentou o caso, sem mencionar o nome do deputado do PL.
"Sem entrar na polêmica e reconhecendo todas as manifestações, no celular de um líder nosso daqui do Senado, quando a gente liga pra ele aparece: 'Quando você comemora a morte de alguém, o primeiro que morreu foi você mesmo'. Uma mensagem do Papa Francisco, está no celular de um colega. Eu queria fazer essa manifestação, porque é muito justa", disse o parlamentar do Amapá.
Por Marcela Cunha, g1 — Brasília
Fonte: g1